Julguei que o “Da Literatura” ia acabar, mas reformulou-se. Ainda bem. Entre quem escreve blogues suponho que é comum a suspeita de que chegou ao fim, há três ou quatro anos, a era dourada do meio que escolhemos. O diálogo entre autores diminuiu, as estrelas regressaram aos periódicos reconvertidos em plataformas, e as polémicas estiolaram por falta de um território comum. Por mim falo: é para mim um fardo, hoje em dia, ler gente de direita, quanto mais polemizar com ela.
Nada mata o espectáculo como o desdém — e a blogosfera foi acima de tudo um espectáculo. Quero dizer com isto que acabou a função dos blogues? Não, no sentido estrito de um meio que nos permite anotar, e partilhar com um pequeno grupo, uma espécie de palpitação intelectual.
Já não dedico horas a um texto como fazia antes, e isso nota-se, e sei que isso se nota. Mas a falta de investimento pode compensar-se por um pequeno excesso de à-vontade que se assemelha ao das conversas com familiares. É bom estar em família quando não somos muitos.
No seu pico, o Vida Breve chegou a ter quase 900 leitores por dia. Hoje tem 300 ou 400. Prefiro assim.
E eu sou um deles sempre com redobrado prazer.
Só é pena que estes blogues de esquerda não dêm origem a um jornal de esquerda que tanta falta nos faz
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Tem razão, é um mistério.
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E agradeço que se mantenha.
Faz lembrar aquela velha polémica sobre a arte e o público.
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Aqui é sobre o stress e a paz espiritual.
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Há nostalgia Luís ? Não tenha…
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Moi?
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Luís com este leitor pode sempre contar, continua o bom trabalho que leremos e comentaremos.
Seria interessante ter um jornal de esquerda moderada à la Guardian, que o público tenta ser mas não é, o problema parece-me que é falta de fundos e de arregimentação de tropas. Os “ricos” em Portugal querem é projectos para sacar as rendas do Estado que ainda ninguém sacou e nisso nada como jornais dóceis que dêem a patinha e rebolem à voz do dono português ou africano…
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Leitor, já nem me importava de um jornal online a la Observador…
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Diz-se por aí que pode haver entrada da Cofina no capital do Observador. Dizem os rumores que assim a Cofina teria um título de segmento mais alto…
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E é a pura verdade. Gente com o curso geral dos liceus.
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Caríssimo, só para lhe dizer que agradecemos muito a pachorra, a arte e as horas.
Sobre os que clamam por um jornal de esquerda, relembro-lhes que em Portugal nem existem jornais dignos desse nome. Na classe impera o copy-paste das agências noticiosas, o total amadorismo nas redações, a ausência de investigação, correspondentes no estrangeiro, etc., etc. Até as luminárias do meio, que são Ricardo Costa e Nicolau Santos, se mostraram em toda a sua falência profissional, quando embarcaram na história de um burlão diante de todo o país, porque antes haviam cometido o erro mais básico da cartilha periodística, digno de um estagiário principiante: – não verificar a fonte da informação. Se esses são assim, imagine-se a média do que por aí vai….
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Tem toda a razão. O rei foi tão nu como foram pouco depois as elites financeiras. E obrigado.
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Lá pelo PdC, não houve perda de “audiência”. Antes pelo contrário.
Já quanto ao “jornal” (de “esquerda”, “esquerda moderada” ou, simplesmente, com os neurónios em actividade), é capaz de ser só uma questão de criar um coiso – não me peçam mais rigor na designação, não chego lá – no qual se verteriam todos os posts dos vários blogs individuais que os respectivos autores achassem pertinentes. Ou textos originais exclusivos do “coiso”.
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“Lá pelo PdC, não houve perda de “audiência”. Antes pelo contrário.”
Porque você é um tipo espectacular.
Quanto ao “Coiso”, podíamos chamar-lhe “Guilhotina” ou assim.
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“Porque você é um tipo espectacular”
Isso já se sabe. 🙂
Mas estava só a contrapor um exemplo que não confirmará a regra (é mesmo regra ou só “impressão”?… no mítico “lá fora” continua a tropeçar-se em blogs de tudo e mais alguma coisa…)
E “Guilhotina” parece-me muito bem.
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Continua, e aqui também: o blog do Expresso, etc. Os independentes é que estão em declínio, provavelmente por falta de pachorra.
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Nisto de blogues, o que está a dar e dará sempre, em todo o lado, são os blogues especializados. Culinária, moda, coleções de selos do Suriname, debates sobre revolveres calibre 38, como reconstruir o califado em três passos e as relações tumultuosas entre a barbie e o ken, etc.
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Isso sim, é útil. Há uns anos tentei fazer um sobre marketing e ninguém ligou pevide. Devia ter escolhido algo de que eu percebesse
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Era cor de rosa, tinha um gatinho e começava assim: “Minha amiga, eu e o meu píruças vimos explicar-lhe o que é o marketing”? Não? Lá está. Um blog sobre marketing tem de se saber vender. Tem de se transformar o marketing numa tara, um vicio incontrolável, que dê vontade de consumir pela noite fora.
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Não, mas tinha o Steve Jobs, de vez em quando, que é quase como um gatinho para o pessoal do métier.
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On se rencontre la-bas, à cote d’azur
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Corria uma história infantil ainda há pouco tempo de que todos podíamos ser opinion makers e repórteres, bastava abrir um blog, e os jornais iam acabar. É claro que isto era um mito, que as coisas voltaram ao sítio de onde nunca sairam, e que os blogues neste momento comentam sobretudo o que se lê nos jornais, para onde emigraram os bloguistas da tal “era dourada”, e nisto nada mudou desde o século XIX. É uma questão de credibilidade. Mesmo entre os jornais existe uma hierarquia e o Observador, enquanto não tiver uma tiragem em papel de pelo menos dez exemplares vendidos num quiosque, não vai ser lido da mesma maneira do que o Público, esse sim, uma institution de la republique, respeitável, que tem a mesma medida de esquerda que o café num galão clarinho, o suficiente para dar uma pequena excitaçãozinha às senhoras. Eu não consigo comentar em jornais, até porque os articulistas não são obrigados por contrato a ler os comentários, quanto mais a respondê-los. Pode-se muito bem chamar filho da puta a um cronista, que ele não vai ligar nenhuma, o que é frustante para um troll com algum amor próprio. Continuarei por aqui e estou bem.
Um Guardian português era bom, era, mas aquilo é outro campeonato, meios tecnológicos, secções, quantidade e variedade de comentadores, jornalistas, paquetes e mulheres a dias. Pode lá ir-se dez vezes ao dia e ler-se dez jornais.
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Um Guardian de qualquer país é outro campeonato. Nem o Le Monde, o El Mundo, etc. lá chegam.
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hm… o Le Monde não fica nada atrás do Guardian.
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Caro Luís, assino por baixo: «[…] a falta de investimento pode compensar-se por um pequeno excesso de à-vontade que se assemelha ao das conversas com familiares. É bom estar em família quando não somos muitos.» É isso mesmo. Eu não diria melhor.
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Porque o Eduardo, tal como eu, deve conhecer gente demais.
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Por falar nisso, quando andava no liceu tinha uma disciplina de Marketing e Publicidade, que deve ter sido cunha dos lobistas do marketing no ministério, com um manual de um tal Whitaker Penteado. Nunca mais me esqueci do nome. O Luís Jorge conhece? Ainda é vivo?
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Não, caramelo, mas isso não quer dizer nada. Desconheço o pessoal do marketing em Portugal. No outro dia comprei o “Mercator” pela primeira vez na vida. Arrependi-me um bocadinho.
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🙂
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