Mistérios da Bobadela.

Estive a perscrutar blogues da direita acéfala e dos solípedes ressentidos (uma espécie nova, que não toma partido mas está sempre ao lado do Governo), e posso garantir-vos que ninguém tenta explicar este interessante fenómeno:

Portugal foi um dos países que esta terça-feira se manifestou contra a flexibilização das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento defendida pela Itália.
(…) Uma interpretação mais flexível das regras do euro tem sido um dos cavalos de batalha do governo de Matteo Renzi, cujo ministro das Finanças tentou esta terça-feira convencer os seus homólogos europeus a adoptar uma declaração nesse sentido. A presidência italiana defende que as regras devem ser aligeiradas para facilitar a recuperação económica.

Por que diabo se opõe Maria Luis Albuquerque a uma alteração do Pacto que aliviaria o nosso país? Ninguém sabe.

Aparentemente, ninguém quer saber.

10 pensamentos sobre “Mistérios da Bobadela.

  1. Não é que ninguém queira saber; digamos que não convém falar. Temos de alimentar e fazer festas ao kraken, os mercados, e esperar que devore os outros, como o pobre do Renzi.
    Já não me espanta essa posição da Maria Luísa Albuquerque, assim como não me espanta que o Cavaco diga em voz alta que “aprendemos a lição”. Resta esperar. Conheci em miúdo uma ou duas figuras típicas da minha cidade que, reza a lenda, endoideceram por marrarem de mais para os exames. Tenho a vaga ideia de que acabaram a falar em latim pelas ruas. Deus queira que não nos transformemos nos tolos de aldeia da Europa.

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      1. Por acaso acho que é um mix de temor/bom comportamento, e convicção. E no final sempre haverá um lugarzinho numa qualquer instância internacional, como Vítor Gaspar/FMI, para os convictos e bem comportados…

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      2. As duas coisas. É mitologia. É a convicção de que os deuses nos dão melhores colheitas se lhes sacrificarmos dez mil virgens todos os anos.

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  2. Luís, para (querer) saber, teriam que estar dispostos a (querer) pensar. Se, por um lado, não é líquido que o conseguissem fazer, por outro, seria um desperdício de energia. Afinal, fosse qual fosse o resultado do processo de pensamento, acabariam sempre a inventar algo para dizer ámen com a ministra; portanto, para quê perder tempo?

    (quanto ao Governo, duvido que haja qualquer convicção no meio de tudo isto. Há, quer-me parecer, um contínuo vergar da coluna, mais por feitio do que por outra coisa qualquer)

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    1. parece-me uma chico-espertice do género “se formos amigos da Alemanha ainda nos vamos dar bem, porque os outros vão à vida e ficamos só nós” ou algo do estilo.

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  3. É uma mistura de deslumbramento com os moralistas da dívida e muita incompetência que faz com que não tentem sequer fazer outra coisa (nem sabiam por onde começar). E a verdade é que até ver não se prevê nenhuma catástrofe eleitoral no próximo ano o que também não ajuda à mudança.

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