A Câmara de Lisboa encomendou um Plano de Pormenor para a urbanização da Matinha ao gabinete de arquitectura do vereador Manuel Salgado. Ou melhor, ao gabinete de arquitectura que foi do vereador Manuel Salgado, mas já não é — porque estamos entre gente de bem. Agora, o gabinete pertence ao filho do vereador Manuel Salgado.
Notem a indiferença, leitores. A indiferença: o derradeiro legado de José Sócrates.
Plenamente de acordo com a caracterização do legado que ficará destes tempos. Contudo, não diria que é de Sócrates a responsabilidade; ou, para ser mais preciso, não é só ou essencialmente dele.
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Mas é o mestre de cerimónias. E é certamente responsabilidade dele que tudo continue assim.
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Como ‘mestre de cerimónias’, é (também) responsabilidade dele que situações destas continuem a existir, impunemente; mas, não é responsabilidade dele que os cidadãos permaneçam indiferentes. Acho que pensar o contrário é ter uma visão paternalista das pessoas, que eu não partilho – os cidadãos são os principais responsáveis por se alhearem da forma como a coisa pública é gerida.
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Lá isso é verdade. Mas a multiplicação de escândalos não ajuda a que as pessoas se mobilizem. E isso é culpa (se não for uma estratégia) desta gente.
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Tem razão Carlos Azevedo. O paternalismo é próprio duma cidadania menor e característico de regimes populistas ou autoritários. Afinal, não foi o Estado Novo o expoente do paternalismo?
Os representantes vão até onde os representados permitem. E se não chegarem os meios da democracia indirecta (representativa), há outros, como a democracia participativa e os recursos da sociedade civil. O problema é que ninguém sabe onde esta mora…
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Ah, bom, se é do filho e não dele, nada a dizer!
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Népias.
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Os 3 nossos males:
1) capelinhas
2) corrupção
3) avacalhamento do espírito de serviço…
Aqui estamos no item 1) … Que quem não der palmadinhas em costas camaradas não terá futuro político-dinheirinho… Nem irá a lado nenhum.
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Caro Luís,
A encomenda é de 2005. Antes ainda de Manuel Salgado se ter envolvido na campanha de Manuel Maria Carrilho.
Quando foi eleito, Salgado emitiu um comunicado com a listagem de todos os projectos do Risco em curso na CML (eram cerca de 30, se não me engano), e convocou todos os media a monitorizá-los. O compromisso que assumiu na altura foi o de o Risco deixar de aceitar a partir de aí novas encomendas para Lisboa, sendo que continuariam a trabalhar naquelas que se encontravam em curso à data.
O filho de Manuel Salgado há muito que ocupa um lugar de “número 2”, não foi uma situação que nasceu com a ida de Salgado para a CML.
Podemos criticar esta vereação por muita coisa, mas não por isto.
Abraço
(Não tenho nenhuma ligação ao Risco, só quis corrigir um erro do post: o trabalho não foi encomendado ao gabinete do vereador – o que, aliás, seria ilegal.)
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Lourenço, há coisas que eu sei que você não sabe. E fiquemos por aqui.
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Muito fácil de resolver: Manuel Salgado não concorria à vereação da Câmara onde tinha vários projectos pendentes de aprovação ou em execução!
O problema é esse mesmo: achamos que é tudo normal, que podemos concorrer a tudo, ocupar vários lugares, defender todos os interesses, que nunca estamos impedidos, que as acumulações são aceitáveis, que ninguém está obrigado a explicar nada…
Tudo bons rapazes, afinal! “E o ruim sou eu!”
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P.S: Nem ao “filho do vereador”, o que continuaria a ser ilegal.
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Nossos verdadeiros males:
1º) Capelinhas e Lobbies.
2º) Corrupção.
3º) Adulteramento do «serviço…»
Neste caso, supra postado, trata-se do primeiro dos três enumerados «males».
Quem não der meigas palmadinha a costas camaraddas não irá a lado nenhum em matéria de dinheirinho ou de política.
Vale!
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Amigos quer queiram quer não queiram são sempre os mesmos, e ninguém é responsabilizado por este crimes, negocios ….. nem sei como descrever, já são tantos.
Amigos, primos, netos, filhos …………….
Aqui á gato……….e mais qualquer coisa ……..
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Caro Luís,
O parecer do Lourenço, até ser demonstrado algo que “se saiba”, tem toda a minha concordância relativamente a este caso.
Essa do “há coisas que eu sei que você não sabe. E fiquemos por aqui.” dá azo a muita coisa e não credibiliza o sua insinuação/opinião. Pede que tenha fé em si, quando nem em Deus acredito.
Abraço
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Eu compreendo, Pedro. E não o levo a mal por isso.
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Caro Luis,
No meu entender a parte mais interessante do teu post é a menos comentada.
O caso do atelier de Manuel Salgado é um caso, entre outros, que pode e deve ser discutido. Apesar dos diferentes juízos acerca da correcção ética ou não do comportamento o caso ficará na espuma dos dias.
A indiferença como legado tem uma importância incomensuravelmente superior. Pensar e aferir até que ponto essa atitude ficará inscrita na nossa praxis isso sim preocupa-me. Pensar sobre isso entristece-me ou faz-me esboçar um sorriso irónico. A decadência de uma civilização oscila sempre entre a tragédia e a comédia.
Um abraço,
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“A indiferença como legado tem uma importância incomensuravelmente superior. ”
Exactamente, Miguel. Abraço.
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