Sabedoria popular.

À espera dos comentários do professor Marcelo, lá papo uma reportagem da TVI sobre a educação d’antanho. Vinte ou trinta carquejas com o diploma da quarta classe recitam títulos das obras de el rey Duarte e feitos da dona Barbuda de Guimarães. O subtexto da coisa é cristalino: os meninos antigamente sabiam mais que os doutores agora, e tal.

Esta entronização da parolice é a moda da saison desde que o ministro Crato decidiu apresentar às criancinhas as virtudes da lavoura. Pouco importa que os jovens de 2012 saibam programar em PHP e JavaScript, que conheçam países sem entrarem neles a salto e dominem razoavelmente o inglês: para milhões de pategos lusitanos, muitos deles atarantados com os comandos da TV, a única educação que presta é a de Oliveira Salazar.

E isto seria apenas grave, se alguns não estivessem no Governo.

11 pensamentos sobre “Sabedoria popular.

  1. O problema nem “é a única educaçao que presta é a de Oliveira Salazar”.
    É o estilo Salazar ser o vigente. Este fim de semana mudaram-me o horário de trabalho, apresentei-me as 8.30 e tinham mudado para as 20.30, sem me avisarem e tive de me apresentar as 20.30 (talvez tenha a ver com um “feito” importante na minha carreira e estas são as mesquinhas represálias) mas se tivéssemos num estado de direito o horário de trabalho tinha que ser anunciado pelo menos 15 dias antes e não modificado, exceto por mutuo acordo.

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  2. não vi a reportagem, mas vinda de onde vem não me parece ter perdido nada.
    no entanto:
    – os meninos ‘antigamente’ (de forma generalista com o que isso implica) sabiam mais de história, de lingua portuguesa, de geografia – sabiam ler escrever e contar;
    – não sabiam programar em PHP e JavaScript, porque isso era coisa que não existia, não sei como pode comparar;
    – impossivel conhecer um pais (ou região) sem lá ter estado fisicamente. e mesmo estando lá, por vezes só conhecem postais; para conhecer e interpretar um pais é preciso conhecer a história a lingua a geografia…
    – a frequência da tv não é coisa que se aconselhe a ninguém. e é mais habitual ver atarantados alguns que não encontram o comando, porque sem essa janela e o ‘comando’ sobre ela, nada há.

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        1. Tente comparar a competência matemática de um tipo normal de 18 anos com a de um de setenta e depois diga-me. Experimente com o seu merceeiro, que após 40 anos de actividade ainda não faz somas de cabeça.

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        2. João Pedro, escrever a caneta, sim, mas de tinta permante, nada de bic, para se fazer boa figura nos exames de caligrafia, para a nobre profissão de copista, que tanto era acarinhada antigamente e que infelizmente se corre o risco de perder.

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      1. tetra treta. está a vista, todos os dias e pode mexer: cheira é mal.
        nada que importe aos esclarecidos pategos lusitanos que sabem programar em PHP JavaScript, conhecem muitos paises em que entram rastejando pedindo esmola e dominam muito bem o inglês do bronx.
        é fruta da época, como era fruta da época a ‘educação de Oliveira Salazar’ – seja lá o que isso for, ou tenha sido.

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  3. Sou um anti-salazarista ferrenho, mas quem estudava, sabia muito mais do que hoje sabem os ditos letrados que programam que conhecem países, sem nunca lá porem os pés, que debitam ideias tacanhas, algumas de muito dúbias qualidades. Universitários que não conhecem a história do seu país, que não conhecem nem 30% da sua língua, enfim, que deixam em mkuito maus lençóis o ensino em Portugal e pior ainda, depois que um Crato, não o Prior tomou conta do (des)ensino neste canteiro à beira-mar plantado!

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