O “derby”.

Com o alto patrocínio da nação que inventou a Via Verde e os cartões pré-pagos do seu telemóvel reunir-se-ão hoje em Dublin alguns milhares de pategos para celebrar outro evento histórico, outro marco reluzente da portugalidade: uma final europeia.

O que é uma final europeia? As oito primeiras páginas do Público esclarecem-nos: é um jogo de bola em que os bracarenses Alan, Vandinho e Paulão defrontam os portuenses Helton, Guarin e Sapunaru. Rapazes humildes de Nevogilde e Cedofeita, que molhavam o pé em Labruge ou conduziam juntas de bois em Tibães e que hoje revelarão, como é habitual nestas merdas, novos mundos ao mundo.

Nem a rainha Elizabete de Inglaterra faltará ao importante derby: pela primeira vez em cem anos a coroa britânica aterrou na Irlanda. Sempre prestimoso, Jorge Nuno Pinto da Costa recebeu-a ontem no aeroporto. Esta manhã um eclipse aterrorizou os indígenas do Gabão e um novo cometa foi avistado na Sibéria. As mãos da Pietá começaram a sangrar. O universo está suspenso por um duelo de titãs.

17 pensamentos sobre “O “derby”.

    1. gaf, o acto de elogiar não nos vulgariza. Antes pelo contrário: num país onde falar mal é um passatempo nacional quase tão popular como o futebol, a capacidade de elogiar pode ser tudo, menos vulgar.

      Gostar

  1. É o seu olhar, tudo bem. Até porque, como sempre, está muito bem escrito. Concordará que há outras pontas por onde pegar no assunto, sem nos gastarmos, irremediavelmente, na superficialidade da abordagem ou nos perdermos nas ruelas dos assuntos menores.
    : )))

    Gostar

  2. E eu que pensava que Pinto da Costa só gostava de “rainhas da noite”…

    Quanto à qualidade do texto, não é excepção: é a regra da casa; embora eu tenha um palpite de que o Luís é benfiquista.

    Gostar

Deixe um comentário