Avis.

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Avis mete nojo. As torres que se erguem na vila permanecem anónimas e inacessíveis. Em lado algum se faz menção à ordem militar que reconquistou parte do Sul e nos deu o primeiro monarca da segunda dinastia. O velho jardim público, sereno, repleto de sombras, foi substituido por uma armadura modernaça e reluzente a que só faltava fazer jogging e vestir Armani para aparecer nas revistas sociais com a noiva desamparada.

É aí que a juventude da terra, uma canalha pingona e cheia de ramela, coça os tomates,  rouba beatas aos turistas e despeja vinho mau nos canteiros de cimento armado.

Os dois restaurantes decentes faliram. O clube náutico, provando o sentido comercial que inspira esta gente, recebeu o fim-de-semana prolongado com correntes e taipais. Apesar disso, a campanha eleitoral somou êxitos da Kátia Máriza, os panfletos atafulharam as ruas e junto à barragem houve uma concentração de putas com motards.

O que me magoa: Avis é um pardieiro que podia ser sublime, se não tivesse desprezado a sua história, destruído os seus jardins e transformado em papa a geração que a devia renovar. Tal como está, não sei se é uma coisa moderna ou medíocre. Sei que não tem memória, e que não vai a lado nenhum.

18 pensamentos sobre “Avis.

  1. Há muitos anos ía para Avis praticar remo, na companhia de amigos. Tenho boas recordações da vila, que, na altura, estava votada a certo abandono. Pelo seu relato, era melhor o abandono….

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      1. Desculpe o comentário.
        Tenho 14 anos, e já tenho idade para ter alguma noção da realidade e sinceramente não apreciei nada, o que disse sobre Avis.
        Todos os anos vou para lá passar férias e uma ou duas vezes por semana também. Tenho lá família e amigos principalmente.
        Não concordo com ‘Avis mete nojo’. Avis é simplesmente espectacular, mas claro, só para quem quer e só para quem sabe apreciar esta vila, e a beleza dela.
        Vou-lhe pedir um favor: olhe-se ao espelho.
        Com os devidos cumprimentos de uma pré adolescente inata.

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  2. Caro LMJ: entendo bem o que escreveu. O meu retrato seria ainda mais amargo e, por isso, evito fazê-lo. Talvez seja esse o retrato geral «das províncias»? Não acho. Basta ir a essa terra.

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    1. Aquilo fez-me impressão, Francisco. Havia por lá uma mistura tão evidente de obras de fachada com alheamento histórico, que me pareceu que tentavam esquecer de onde tinham vindo. Isso arrepia-me. O post foi escrito a quente, é talvez excessivo, mas a emoção não passou: não sei como se pode viver assim.

      Agradeço-lhe a recomendação que fez no blog.

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  3. Pôças, caneco, ó Luis Jorge, hei-de ir a Aviz ver o freak show! E o Viegas diria pior? Pôças, caneco, eu nem imagino o quê, poças, caneco… Mas ó Luis Jorge, que mal tinham as putas dos motards? Mamas demasiado descaidas? Eu acho que, com tanta merda, estavas á espera que te saissem ao caminho donzelas e cavaleiros templários 😉 Ó gentes de Aviz, vocês não tendes vergonha? Então, escolhem precisamente o dia em que vai aí o Luis Jorge para espalhar panfletos e levar putas encavalitadas em motas? Pôças, caneco… que falta de sublimidez… sublimidade… é assim que se diz?

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      1. Mas é que sou mesmo! Olha, quando vires um pirete desenhado na parede do Hatchaaards, podes crer que fui eu. Pá, agora a sério, mete uma cunha ao Viegas pera ele fazer um texto sobre Aviz.

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  4. O meu caro desculpe o “pá”; isto é muito convivio com motards. Mas então quero uma cunha para ir ao El Bulli. Só a cunha e data e hora marcados num papelito assinado pelo gerente, para esfregar nas fuças de uns amigos que eu cá sei. Já será abusar do senhor pedir que me pague a viagem e o jantar, obrigado.

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      1. Obrigado, mas não, deve ficar caro. Eu já tenho amigos nessa bicha e já me disseram que depois me trazem um guardanapo manchado com qualquer coisita. É para ver os amigos que eu tenho, nem uma azeitona.

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