Orgulhosamente sós.

O título de um editorial do The Economist era eloquente esta semana. Algo como “Construa umas estradas, Merkel”. No Público, Teresa de Sousa recordava a quem a queria ler que não só a economia americana cresce com a política de investimento público de Obama, como o défice diminuiu (e que ridículos parecem, agora, aqueles que por aqui viam o apocalipse nas finanças “perdulárias” nos Estados Unidos) . No Financial Times alerta-se, dia sim, dia sim, para os perigos de uma deflação à japonesa.

Portanto, está na altura de a nossa direita fazer outro abaixo-assinado a favor do défice zero.

9 pensamentos sobre “Orgulhosamente sós.

  1. Caro Luís M. Jorge,

    com essa do crescimento derivado ao investimento público de Obama, explique lá isto: http://fotos.sapo.pt/oscomediantes/fotos/byqywphiuaadsyb-large/?uid=vZVVTF6jgnIRYTuLBCzT#grande

    Há uma pressão evidente em tudo quanto é lado para a Alemanha aumentar o seu investimento público? Sim, porque tem folga para isso e devia compensar de alguma forma aquilo que se gastará a menos – e tem de se gastar a menos – nos restantes países da zona Euro. Portugal, só superado pela Grécia, à cabeça.

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    1. Para além da ausência de investimento, houve um autêntico “assassínio” económico de empresas e famílias durante os anos de 2008-2011 através da manutenção de um euro a 1.40/1.50 dólares e da taxa de juro de referência que chegou a ser 4% já depois da queda do Lehman Brothers, quando as bolsas caiam 3 e 4% ao dia e Trichet a dizer alegremente «estamos a vigiar a inflação».

      Quando numa década valorizas a tua moeda em 50%, não em relação a uma qualquer divisa exótica, mas à divisa de referência do comércio internacional (ver por ex. em que moeda cotam os produtos expostos em Alibaba.com) e o pico da valorização coincide com a pior fase da crise, estás a mandar para a falência as empresas e famílias que estavam no limite a aguentar-se. Ou, dito de outra forma, é como se a cada ano as tuas dívidas crescessem cinco por cento.

      PS: Em relação ao Novo Banco, o director do Diário Económico abre hoje o editorial a dizer que os contribuintes vão perder menos por causa do acordo relativo ao BESA. Já tinha vindo o Ulrich e o Horta-Messi-dos-Colaterais-Osório dizer que os contribuintes vão perder dinheiro. Claro que o homem que no seu editorial de ontem inventou o termo estagnaflação para descrever o que Portugal está a viver (o conceito económico que existe é Estagflação, e não tem nada a ver com o que Portugal hoje vive), não se lembrou de pegar no EBITDA, ou nos lucros, ou no produto bancário do BES e aplicar-lhe as médias do sector. Teria uma boa surpresa. É que para além disso, como os activos problemáticos, principalmente o GES, ficaram no BES, conduzirão a uma libertação massiva de provisões. Claro que Ulrich e Horta-Osório vieram logo a correr dizer que não valia aquilo, porque é a estratégia típica de desvalorização para depois comprar. O Estado tem aqui uma óptima ocasião para fazer um preço e, se não aparecer ninguém para comprar dizer, ok então deixem estar que fica a render dividendos até estar pago. Se fizesse isso, os contribuintes não perderiam dinheiro e até estou e crer que aparecia alguém para pagar o preço justo. Mas, infelizmente, penso que não será esse o final da história.

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