Suponho que nem toda a gente dará 10 euros por um vinho, uns porque o consideram caro, outros porque sendo tão barato julgam que serve para temperar os refogados. Eu gosto de dar 10 euros por um vinho porque, se não o conhecer, me parece provável que seja de qualidade, e se o conhecer já sei que bom negócio faço quando o compro. Neste “price point”, como dizem os marqueteiros, é o que acontece quase sempre em Portugal.
Por muito que viva nunca hei-de entender os bebedores de cerveja ou de gin às refeições. Até já tive formação nas duas coisas por razões meio prazeirosas, meio profissionais. Mas é heresia na mesma.
Vejam isto, por exemplo:
Custa dez euros no Corte Inglês. Resulta de um projecto de vários enólogos que decidiram dar vida a castas que amavam. 90% do blend compõe-se de Viozinho. A casta tem qualidades evidentes, produz vinhos estruturados, de aromas complexos, mas infelizmente é sensível à podridão, às doenças e, o pior de tudo, muito pouco produtiva. Por isso resta em vinhas velhas, no Douro e em Trás-os-montes, e só é cultivada, hoje em dia, por amor.
As pessoas que fazem um vinho assim merecem uma estátua. Este acompanhou lindamente um espaguete com ameijoa da boa, alho e coentros, numa varanda da Avenida de Paris. Deus o abençoe.
Amém!
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Sobre bebidas para acompanhar, depende da comida. A cerveja é boa parceira de comidas com temperos mais puxados, picantes, caris, etc. O vinho nem tanto, por uma série de razões. Os russos dizem que o vodka acompanha bem o borscht. E a salada de alface. Eu só não percebo é como se encaixa o gin nas refeições, para além dos amendoins torrados. Isso sim, é uma moda e bem esquisita.
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Um rosé, por exemplo, acompanha muito melhor temperos puxados que uma cerveja, penso eu de que.
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É capaz. Eu faço uma massada de frango em refogado puxadinho que é uma catogria e só me vai bem com cerveja. É como a muamba ou a cachupa, de que gosto tanto e que não me vejo a acompanhar com cabernet. Tem que ser bebidas tipo bombeiro sapador. Também vou dizer uma coisa: não sou adepto desse tal espaguete, com coisas espalhadas pelo meio, queijo e coentros e ameijoas e outros berloques. Isso é o que vejo as mulheres magrinhas a comer nos shopings a acompanhar com coca-cola, em lojas com estampas da Toscana.
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Que horror, caramelo. Se algum dia uma spaguetti al vongole, ou lá como se escreve, se aproximar de um shopping center melhor será que o façam refém em nome da salvação da vida costeira.
Dito isto, a muamba é um desafio, mas deve aguentar bem um branco encorpado. É a minha opinião de amador.
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Eu sei que devo estar a ser injusto, mas sou muito ignorante da cozinha italiana, que não seja a de shopping. Não gosto muito de espaguete só cozido em água, nem de pizzas e lasagnas. Descobri que a cozinha italiana é mais rica do que isso quando li um livro de um autor brasileiro, o Isaias Pessotti, Aqueles Cães Malditos de Arquelau, uma aventura divertida em Itália, com muito tempo passado à mesa. Gostava de experimentar a polenta, porque sempre gostei das nossas papas de milho.
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A cozinha italiana é bastante variada, mas claro que em Portugal só apanhamos a variações pizza-pasta (e só alguma) – e mau risotto de vez em quando. Eu adoro-a, a ponto de estar neste momento a verter um lágrima, cheio de saudades de Genova e Bolonha. Ai, ai. Porca miséria.
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Se recomenda vou ter de o submeter à prova 😉
Valha-nos as pessoas com amor ao vinho, que se fosse tudo por empreendedorismo, o que seria…
Se me permite fazer umas humildes sugestões:
http://www.vallepradinhos.pt/index/wines/id/52 ,
http://www.garrafeiranacional.com/2014-tapada-coelheiros-branco.html ,
http://www.frupor.com/pt/index.php?artigo=47
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O Vicentino é muito fixe. O Tapada também, claro, embora não o beba há anos.
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O Vicentino é porreiro, já encontrá-lo em Lisboa é um desafio…
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Vá ao site da Garrafeira Nacional. Fácil.
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Comprei, segundo me informaram na loja principal, a última garrafa que havia nas lojas da GN em Lisboa 😦
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Experimente Outwine.pt
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Obrigado pela sugestão.
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Aliás, é .com e não .pt
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Voçês falam de barriga cheia :
Deviam viver num país onde os vinhos portugueses se tornaram uma raridade.Mas eu explico porquê:
Uma garrafa de vinho paga um imposto fixo de £ 2.05 .Ora como a maioria dele à venda nos supermercados custa à volta de £5.00, fica para pagar tudo o resto, o tintol, a garrafa, a distribuição o transporte, etc , a módica quantia de £ 2.95. Conclusão: Sai mais barato do que a água mineral.
Isto para os chamados “Vinhos do Novo Mundo”. Porém os bifes quando querem beber um vinho de classe ou impressionar o engate num restaurante da moda compra um que seja francês, largando 20 ou 30 libras e upa upa. No buraco entre os dois está o nosso.
Eu defendo-me como posso: Venho de carro e o meu recorde está nas 17 caixas, não me perguntem como as meti. Dentro em breve lá me vou meter à estrada com o credo na boca não vá partir alguma mola.
Portanto repito : Voçês falam de barriga cheia.
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Manuel, a boa notícia é que pode, perfeitamente, encomendar os seus vinhos online com entrega aí em Inglaterra. Aliás na GB 11% dos vinhos já são comprados online, por isso você nem será um percursor. O nosso vinho em Inglaterra é bem conhecido entre os apreciadores, mas não passou para o consumidor médio, por uma outra razão: tiragem. Exceptuando um punhado de produtores não há capacidade em Portugal para a dimensão das vossas cadeias. Portugal tem um eterno problema de escala, e ainda não ultrapassou a sua falta de jeito para valorizar nichos próprios.
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Depende, Luís. Uma francesinha pede cerveja; acompanhá-la com vinho é impensável. Mas não seria capaz de acompanhar uma refeição com gin (ou com um cappuccino, como esta gente).
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Cappuccino? Blargh! Isso só deve combinar com uma francesinha 😉
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De facto, é uma coisa medonha, mas já vi mais do que uma vez. Humm, vejo que não és fã de francesinhas. Enfim, mouros… 🙂
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Mas claro, as francesinhas de Lisboa nao devem prestar.
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Já não é fácil encontrar francesinhas em condições no Porto, que fará em Lisboa.
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Carlos, a francesinha sempre me pareceu lasagna à moda do Porto, uma coisa enjoativa. Mas é muito comum essa de que é preciso procurar no sítio certo, quase locais secretos, o que me faz desconfiar da representatividade da coisa. Estive com a família o ano passado no Porto, uma semanita, sediados na freguesia do Bonfim, e não nos faltaram boas tripas e bom bacalhau. E parece que tudo o que se faz bem no Porto só me calha bem com vinho tinto, não com cerveja.
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Caramelo, lasagna à moda do Porto? Que Deus lhe perdoe, porque eu não sou capaz! 🙂
Fora de brincadeiras, o segredo é o molho. Fazer sandes, com mais ou menos recheio, qualquer um faz. Pessoalmente, gosto das do Café Santiago, em frente ao Coliseu do Porto, e das do Café Nelma, na Rua do Paraíso.
Também prefiro vinho a cerveja, mas não com uma francesinha.
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Está bem, Carlos, quando voltar ao Porto já sei onde comer uma lasa… uma mademóisele. A propósito, já viram o Une Village Française, uma série francesa que passa no canal 2? É ótima.
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Já me falaram nisso. Aqui no Alentejo não precisamos de aldeias francesas, gostamos mais de chouriços e queijos da nossa terra com migas e carne de alguidar e vinhos de Estremoz. Os franceses só gostam de pratos vazios com duas ervilhas e colaboraram com o Hitler.
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Caramelo, já ouvi falar, mas não vejo. Desde quevim para Londres, quase não vejo televisão. Volta e meia, vejo as notícias através da Internet.
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Esqueci-me que está em Londres, Carlos. Mas isso de estar numa cidade tão nevoenta e com recolher obrigatório às dez da noite e não ver televisão, é altamente suspeito. O último tipo que não via televisão em Londres foi o Marx, porque estava ocupado a preparar as maldades do mundo, desde o nazismo e o comunismo até à música do Cliff Richards. E os pratos com duas ervilhas.
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Caramelo, o nevoeiro de Londres é mito. Quanto a Marx, perdoo-lhe quase tudo, mas não a música do Cliff Richards. Olhe, o castigo que lhe desejo é que Deus o tenha perdoado.
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