A urgência.

Quando Costa começou a negociar a formação do Governo, escrevi aqui que a esquerda precisava de um grupo de comunicação social para se manter no poder. A semana que passou não podia ser mais esclarecedora. Além da claque formada pelos jornalistas que sonhavam com a reprovação do orçamento, ocorreram depois da vitória negocial de António Costa dois movimentos distintos: o primeiro para falsificar a caracterização das opções do documento (o “ataque à classe média”, etc), o segundo para desvalorizar o que se conseguiu. Nada disto foi feito com boa fé.

É urgente criar um meio não contaminado pelos profissionais do pafismo (e são mesmo profissionais, não duvidem), que sirva de instrumento de navegação para quem precisa de desintoxicar as mentiras da direita. O tempo não abunda.

 

21 pensamentos sobre “A urgência.

  1. Deve haver jornalistas.
    Papel há com certeza.
    Vontade de escrever, também.

    O que falta?
    Dinheiro, claro. Mas isso é como o orçamento: resolve-se com a eventual receita.
    Mas, também, excluir o panfletarismo muito próprio dos jornais das esquerdas (basta ver o que circula por via digital);
    E, também, excluir ” a minha esquerda é melhor do que a tua”;
    E, incluir, porque não, outros de outros lados.
    Ah, muito importante, deixarmos de lado essa nova e irritante mania da esquerda de ser a “tia moralista”. Caramba, que a cada passo que damos aparece-nos a Sra. Dona Esquerda de chapéu de chuva em riste. Não há pachorra (esta é mais para o BE).

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    1. Pois eu acho que quando morrer a “tia moralista” acaba a politica. Como nunca conheci politica sem uma dimensão moral… Vamos ter de nos adaptar? A direita já tem a tia TINA, toda lampeira, muito cínica, muito piadética. A esquerda pode ir buscar um humorista cool aos gato fedorento para dialogar com ela… olha que boa ideia que eu tive.

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  2. Caríssimo Luís, que excelente ideia, um grupo de media de Esquerda! Trazer o Dr. Carlos Melância do seu retiro em Castelo de Vide para ressuscitar a saudosa Emaudio, S.A., e talvez juntar-lhe o Dr. Jaime Antunes…

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      1. Caríssimo Luís, concordo que em Portugal o mundo dos “me(r)dia” é “curto” por diversas razões (exiguidade de público e do mercado publicitário, herança pesada de analfabetismo e inumerismo, iliteracia cultural, inter alia…) e concordo também que a rapaziada da escolinha JSD continua activíssima nas redes sociais (#ConselhosdoCosta, por ex.), mas todas as experiências de grupos de “media” com orientação político-partidária deram com os burrinhos na água. E, francamente, um «The Guardian» portuga e “canhoto” não teria nem mecenas, nem melhor saída…

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        1. Caro Fernando, não defendo grupos de media com orientação partidária. Quanto à orientação política, é o que mais há, com graus variados de sucesso. Incluindo em Portugal.

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          1. Caríssimo Luís, mal ou bem, melhor ou pior, o que hoje é lido, vende com lucro e tem circulação e receitas publicitárias é o “Espesso” e o “Correio da Manha” (o Metro e o Destak também, mas são serviços mais ou menos sofisticados de “clipping”); os restantes, sejam eles o “Púbico” ou os títulos da Globalmedia (DN e JN, com mais ou menos dinheiro reciclado de Angola, esse alfobre de petróleo), arrastam-se de modo mais ou menos penoso no limiar da insolvência.
            Relembro apenas as declarações já remotas do Visconde de Balsemão a propósito do lançamento de um novo jornal diário nos idos mais prósperos do começo deste século: após meses de conversas e estudos preliminares em parceria com Juan Luís Cébrian (“El País”/Prisa), acabaram os dois por concluir que o investimento inicial montaria a, pelo menos, um milhão de euritos.
            Desistiram.
            A Esquerda boa é a Esquerda tesa. Como o carapau alimado.

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