Outra alvorada para os pategos intolerantes.

Mães de família cortam os pulsos nas redes sociais em protesto contra os refugiados, porque vão ter “casas” e “médico de família” e “não vão pagar taxas moderadoras“. Mas que queria esta gente, receber os infelizes com as sopas da Isabel Jonet e ala que se faz tarde para dormir ao relento no Largo do Município, sem tratamento médico nem vacinação?

13 pensamentos sobre “Outra alvorada para os pategos intolerantes.

  1. Olhe para não dizerem que sou uma patega ignorante e assim para já fico só patega até lhe digo que estou meio solidária com a Senhora Isabel Jonet que com esta “anunciação “ perde assim uma importante fatia de mercado pois que o público nacional ainda não lhe relevou a história dos bifes (as pessoas não aproveitaram bem aquilo do comunicado da OMS e da perigosidade das carnes vermelhas mas também entendo os pruridos porque ultimamente não se pode falar muito nestas cores porque a tradição nos diz que não devemos gostar lá muito destes tons e assim) e as pessoas preferem conceitos como solidariedade à caridade piedosa e onde é que isto já se viu!

    E é por causa destas coisas dos refugiados virem para cá, desconsiderar as Isabeis Jonetes que por aí as há é que depois nós (agora fala a ignorante, que a patega foi no parágrafo anterior), ficamos a pensar se não devíamos ir passar uma temporada à Síria e depois voltar e ter estatuto de refugiados.

    É que eu ás vezes dá-me para pensar nisto e ver um poucochinho de desigualdade de tratamento para com os pategos ignorantes (agora já é cumulativo) que cá estão e que pagam impostos e têm pensões e ordenados também poucochinhos (que é um novo vocábulo nacional tão válido como outras coisas certas e irrevogáveis) e pagam taxas e taxinhas moderadoras e vai para anos que não têm médico de família…

    E fico a pensar se não será de propósito para levantar as hostes mais radicais… mas isto sou eu que sou patega e ignorante…

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    1. Parece-me muito boa ideia, a sua, de “ir passar uma temporada à Síria”. E depois “voltar” (neste “voltar” incluir uma boa dose de violações, roubos, famílias destruídas, travessias de bote pelo mediterrãneo no Inverno, ou pela fronteira húngara tão prestimosa, etc.), talvez para que lhe recusem os cuidados médicos de que necessitaria. Parece muito boa ideia, sim. Faça isso.

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    2. Maria, não insista tanto que é patega e ignorante. De onde lhe veio essa ideia estapafúrdia? Mas, pegando nisso, já reparou que cada patego e ignorante já tem dois ou três sírios particulares, que nem tiveram de atravessar o mediterrâneo? É a vizinha que vai ao cabeleireiro gastar o abono de família dos filhos; é aquela outra que tem isenção de taxa moderadora e foi vista a ir ao cinema. Já há mesmo bairros cheios de sírios e talvez a Maria para lá indo viver uma temporada, voltasse com o invejável estatuto de refugiada. Não olhe agora para trás, mas, calhando, a própria Maria, quem sabe, é a síria de alguém. A Isabel Jonet, a santa padroeira dos pategos ignorantes, acha mesmo que estamos já infestados de sírios, milhões deles, quando diz que o estado social devia ser só para os mais fracos dos mais fracos (http://observador.pt/2015/11/02/isabel-jonet-estado-social-os-fracos-dos-fracos). .
      É que a mourama já tinha em tempos atravessado o mediterrâneo para se instalar aqui e o dom segismundo e demais gentis homens do minho, aquando da reconquista, deixaram ficar alguns. Com o SNS multiplicaram-se como coelhos. Portanto, estamos a abarrotar de sírios que, em vez de receber subsídios e isenções, deviam ir para a bicha da sopa, mostrar-se como sírios que são.

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        1. Ó senhor, mas eu só queria estar sossegadito, a escrever as minhas coisitas, e calhou ser aqui porque sinto grande conforto espiritual a ler em palatino 10,5. Diga às pessoas, se faz favor.

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      1. Caros Luís M Jorge e Caramelo,

        Sabem, aquilo que me choca é a hipocrisia com que os Estados tratam deste assunto… não só não têm a decência e a coragem política de resolver o problema na sua origem, como agora, que até já há fundos comunitários envolvidos, tratam desta questão, que é de natureza humanitária, como um negócio.

        Há quantos anos chegam grupos e grupos de refugiados à Europa, por exemplo à Itália, sem que ninguém (ou quase ninguém) tenha feito mais que encolher os ombros…? Foi só agora ou sou só eu que tenho a sensação que agora só se agravou em número um fenómeno mais antigo? Admito, não é a minha área de trabalho ou estudo, posso estar enganada…

        Aquilo que me choca não é de todo receber estas pessoas, que devemos acolher em condições condignas e facultar os instrumentos para que se integrem na nossa comunidade, de forma construtiva e até contribuindo para mais um acrescento à nossa cultura que tem sido sempre tão propícia à miscigenação, felizmente. Aquilo que, penso, se pretende não é deslocalizar os campos de refugiados, é sim integrá-los nas comunidades de acolhimento.

        Aquilo que me choca é que não veja da parte de quem nos tem governado e de quem tem responsabilidades por cá e nas instâncias comunitárias, a mesma sensibilidade e humanismo para com situações graves cá dentro. Há muitos velhos sem um teto, sem uma cama, sem um médico de família, sem apoio de qualquer espécie. Gente sem casa. Famílias sem eira nem beira nem rumo nem luz ao fundo de túneis que não levam a lado nenhum. Crianças sem comida.

        É isto que me choca e talvez possa fazer de mim patega e ignorante, mas hey… é assim a vida e é só uma opinião.
        A minha.

        Fiquem bem.

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        1. Maria, é essa diferença entre os de dentro e os estrangeiros que me faz confusão. Porque essa discussão, para além de estéril, é perigosa. Reconhece, pelo menos, que essa diferenciação já se faz cá dentro, entre o que têm isenções e os que não a têm? Há sempre alguém que acha que o vizinho é injustamente beneficiado. A única coisa que aí introduziu foi a componente nacionalista, mas esse é já um grande passo em frente. Enquanto estamos aqui a debater no blogue do Luis Jorge, tudo bem, fica no campo da opinião, somos todos pessoas civilizadas, mas isso cria monstros por essa Europa fora. Eu sei que os “nossos”, viram os seus direitos comprimidos, passam dificuldades, algumas extremas, mas a situação dos refugiados é uma situação excecional, de pessoas que não apenas perderam os seus bens, como a ligação à sua comunidade. Algum conforto que lhes dêm, como isenções e alojamento, vai ser descompensado pelos olhares de lado da comunidade. Muitos deles preferirão voltar para a terra deles, logo que puderem, e o assunto fica arrumado.

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