O João Pinto e Castro desenvolve aqui um interessante raciocínio em que pretende demonstrar a dimensão insignificante dos encargos das PPP e sensibilizar-nos para a suprema inutilidade de os reduzirmos. Para isso socorre-se de uma conta albardada em percentagens do PIB: se gastarmos mil milhões de euros por ano a coisa dá pouco mais do que 0,6%, e tal.
Claro que não ocorreu ao autor explicar-nos o que representariam esses mil milhões de euros em percentagem da despesa pública: se é para lavar, mais vale lavar mais branco.
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É pouco mais de 1% de toda a despesa publica. O argumento do Joao Pinto e Castro mantém-se.
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Claro que mantém: é apenas mais do dobro. É a sua maneira de ver a coisa. Outra maneira de ver a coisa é verificarmos que o corte dos subsídios de férias e de natal dos funcionários públicos corresponderia à mesma ordem de grandeza: 1080 milhões de euros em 2012. Uma insignificância, claro.
http://economico.sapo.pt/noticias/corte-dos-subsidios-permite-poupanca-de-mil-milhoes-de-euros_129268.html
Mas suponho que até 5% seriam inteiramente merecidos, para compensar aquela rapaziada que se fartou de renegociar cláusulas, não é verdade?
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Esse argumento do doutorado da Universidade do Algarve é igual ao argumento daquele nao sei que Perestrelo boy do PS que, no escandalo do Taguspark, disse: “essa merda em subsídios de desemprego”. Todos na mesma luta.
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E eu pergunto ao sr. João Galamba: o que não poderia ser feito com esse dinheiro (tão insignificante que é) se fosse posto ao serviço das pessoas (em áreas como a educação e a saúde, por exemplo)?
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Mas foi posto ao serviço das pessoas, meu caro. Vinte ou trinta, provavelmente.
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Quando passo pelo meu hospital apanho as luzes e fecho as torneiras e fico tola se noto que não fecharam bem a saída de oxigénio (caro), podem ser gestos insignificantes mas faço-os.
Qual é a moral de não poupar 1000 milhoes de euros? Paga o def do SNS.
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Nem mais… resta acrescentar que foi posto ao serviço dos ” do costume”
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pergunto-me de quantas dimensões insignificantes será feito a totalidade do défice publico e se não será por isso que ele é irreformável: por ser inútil fazê-lo.
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E, uma vez mais, a argumentação passa pela mera contabilidade. Nem perco tempo a discutir se estamos a falar de 0,6% ou de qualquer outro número. Se alguém estivesse a roubar às claras o Estado em 5000 euros/mês, tal deveria ser permitido simplesmente porque o valor é insignificante em termos relativos? As PPP foram uma boa forma de alguém roubar descaradamente o Estado, sob a capa da modernização do país e de uma gestão eficaz dos recursos. Renegociar é muito pouco; tudo isto deveria ser investigado até ao mais ínfimo detalhe e os culpados (os tais 20 ou 30 referidos pelo Luís) deveriam ser punidos. Delírios meus, pois claro.
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O PS, para desilusão minha pois é o partido com que ideologicamente mais me identifico, tornou-se o principal aliado da grande corrupção do Estado. É raro encontrarmos dentro do PS quem não tenha um discurso amiguista e caciqueiro.
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Carlos, minha gente, estamos a falar de investigação criminal? Apenas se falou até agora de falta de experiência na formação dos contratos por parte do estado, o que quem conhece bem a máquina sabe ser plausível. Mas também, por outro lado, é possivel que tenham estado envolvidos em verdadeira corrupção, não vinte ou trinta, mas todo o aparelho do partido, desde o gajo que serve as bicas no largo do rato. No meio, estará a virtude. Investigue-se hhmm duzentos. Se, no fim, se concluir que não houve responsabilidade criminal de ninguém, poderemos sempre culpar a máquina da justiça. Se é de responsabilidade disciplinar ou politica de que se fala, está certo. Mas deixemos o código penal como está, enxutinho. Tenho mais medo de um código penal longo do que de uma constituição cheia de programas sociais.
O argumento da contabilidade, nisso como no valor da despesa, é importante, ao contrário do que diz o Carlos, ou estariamos agora a discutir aqui, não um roubo de 5000 euros mês, mas de 5 cêntimos por um funcionário, o que só passaria pela cabeça do mais façanhudo pastor luterano, daqueles que acham a Merkel uma galdéria latina. Eu, pelo menos, não sou capaz de me indignar com muita força com uma luz deixada acesa numa repartição pública, ou com um tipo que rouba uma caixa de clips, ou sentir-me-ia obrigado a denunciar o tratante, coisa que não me passa pela cabeça.
Interessa-me o número, porque a partir daí, posso fazer outro exercício: Todo o investimento foi injustificado? Não beneficiamos de facto de muitas dessas infra-estruturas? Estariamos dispostos a prescindir de todas os investimentos das PPP? Uns sim, outros não. Para Coimbra estava prevista uma nova circular externa que iria beneficiar em muito a cidade e que agora foi abandonada porque renegociaram o contrato. Por outro lado, parece haver pelo menos uma auto-estrada a mais. No fim, tudo ponderado, os números que contam ficariam muito abaixo do 1% e a fervura baixaria um bocado. Mas como somos um país naturalmente fervilhante, como nas furnas de são Miguel, não aposto, que perco.
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Tanta treta, caramelo.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/opiniao/parcerias-alto-la
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O Juiz Carlos Moreno já falou, com mais conhecimento de causa do que o Paulo Morais, em agiotagagem, contratos leoninos, negligência e falta de preparação do estado, e alguns ministros da altura já o assumiram. E que o estado está em grande parte nas mãos de interesses privados e dos grandes consultórios de advogados, já até eu o disse, com mais pormenor do que o Paulo Morais, e quanto a corrupção é também um facto da vida. Todo o funcionário, agente do estado ou detentor de cargo politico, é, por inerência de funções, um potencial corrompido, e eles são muiitos mais do que vinte ou trinta.
Eu só acrescentei o que me parece óbvio: muitas das obras eram (são) justificadas e custariam à mesma dinheiro. Deve ponderar-se quanto se pagou a mais do que se devia e quais as obras que seriam dispensáveis. Isto não é irrelevante, porque permitiria saber qual foi realmente o prejuízo. O mesmo vale para as obras da Parque Escolar, por exemplo, e para tantas outras feitas ao longo de décadas. Não é relativizar, muito pelo contrário: é saber com rigor qual o deve e o haver. O problema é não haver entidades independentes, com credibilidade reconhecida, que o façam, universitários ou outros, à maneira dos institutos americanos. Não é opinião, é estudo. Talvez passassemos então da fase readers digest das colunas e noticias do CM.
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Pelo post de João Pinto Castro e pelo comentário de João Galamba percebe-se melhor porque chegámos onde estamos. Para já não falarmos que aqueles valores se reportam ao presente ano e que depois de 2014 é que alcançam a “dimensão insignificante” total (trocos, basicamente: entre uma bica e uma PPP é só escolher).
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Pois é. Mas se nos focarmos apenas num ano a coisa parece menor, tal como se fizermos a conta em percentagens do PIB.
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Só mil mihões? São trocos!
Coitados dos bancos e empresas que se meteram nestas parcerias para ajudar o Estado e recebem tantas críticas, são tão caluniados, por um prato de lentilhas.
Este país não é para altruístas!
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Corrigenda: Os portugueses sabem que a única albarda substancial é a do bacalhau com arroz de tomate.
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Bem bom.
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por acaso não. Tomate e bacalhau só ligam no bacalhau das pretas e no à bruxa e mesmo assim, pouco bem.
O tomate só deve encontrar o gadídeo na barriga se escorregar separado. Por ex., pataniscas e bolinhos com arroz de tomate.
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E a tomatada de bacalhau? Julgo que já provei uma vez. Simples, mas nada má.
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FNV: Veja na Cozinha Tradicional Portuguesa a receita de arroz de bacalhau de Entre Douro e Minho (pg. 31 na minha edição) e depois diga.
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