Entre as luminárias do regime resplandecem os espíritos sempre airosos dos Camilos Lourenços. Enquanto outros encontram dificuldades, os Camilos revelam-nos em palavras simples os bons princípios da nossa salvação. Há dividas? Paguem-se. Há despesas? Cortem-se. Há défices? Ide buscar o cilício e mortificai-vos. Há desemprego? Emigrem. Há pobres? Trabalhem. Há fome? Comam brioches. Há mulheres que tentam vender os filhos nos subúrbios? Pois que baixem o preço dos mais pequenitos, a quem faltam vantagens competitivas. Há suicídios, mortes por inanição? Eis um modo elegante de reduzir as transferências sociais. Há velhos sem medicamentos? Um sério aviso para os jovens que não aderiram à Médis. Há ordenados muito baixos nas empresas? Extingam-se. Há ordenados muito altos na EDP? São as leis do mercado, nada a fazer.
O mundo dos Camilos obedece a valores testados em séculos de miséria abjecta e desespero universal. Antigamente eram feitores e capatazes, hoje são jornalistas e lideres de opinião. Os Camilos Lourenços dão imenso jeito. Todos os ricos deviam ter um.
Nas novelas os donos das fazendas são sempre de uma grande bondade embora escolham sempre capatazes muito maldosos.
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Claro que isso não inclui o Leoncio da Escrava Isaura, uma das minhas mais aterradoras experiências de infância.
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🙂 temos a mesma idade tb me lembro
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Pobre Isaura, tão boazinha.
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Camilos há só um, o Castelo Branco. Os lacaios vão e vêm, mas enquanto cá estão safam-se, e neste safar-se se resume o pequeno cérebro deles.
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Por falar nisso, tenho de reler aquele excelente Retrato do Marquês de Pombal, onde há muito com que insultar os nossos políticos.
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Na verrina, não há como Camilo. Eusébio Macário é um fartote.
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Veja a citação do soliplass.
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Bem pensado. Melhor dito.
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Estava para continuar a narrativa, Fernando, mas não tenho tempo para me coçar.
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Isso é que é mau. Ou talvez não.
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não é, não.
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Luís, vou roubar a versão integral
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May the force be with you.
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Excelente.
E no entanto o outro Camilo já explicava estes Camilos de agora ao contar de forma deliciosa – n’Os Brilhantes do Brasileiro – dos bailes da esposa de Joaquim Antônio Bernardo, negociante por atacado de fazendas brancas & etc… (a mais desbragada polha que deu a Maia):
“Esta dama já se viu, num periódico, em que se dava conta dum seu baile, nomeada de “ilustre e distinta”. Ambos os epítetos lhe quadravam, ocultos os substantivos. Não o tratavam de virtuosa, porque o localista receou que o termo, revendo ironia, lhe fechasse as portas do seguinte baile.”
No fundo, o que este e outros Camilo de agora receiam é que lhes fechem bailes e buffet’s.
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ahaha! É de facto maravilhoso.
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A maiata – a tal que recendia fartum quando passava afoita – era fina, soliplass, mas que dizer da prestimosa Ruiva?…
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A que foi caluniada de “esposa virtuosa” e ao Pantaleão coou filtros cupidíneos através das enxúndias do peito?Umas sabidonas, todas elas, uma delícia todo aquele cap. 3 com os seus retratos do natural…
E a esposa de Atanásio apanhada em flagrante numa” excursão filarmônica às esferas sonorosas” com o pobre caixeiro a quem o Atanásio por pedagogia deixa tocado o compasso a miudo com a batuta de uma tranca? Aquilo é simplesmente genial…
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Bem-vindo, Luís.
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Grazzie, Carlos.
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Há fome? Comam brioches….para isso era preciso que chovesse no trigo
ou que se regasse ao estylo nilótico…
quando há fome e há sede geralmente morre-se….
apenas nas terras do previlégio se joga comidinha pró lixo e se diz haver fome
se as taxas de crescimento das nações asiáticas as tornaram libertas
da influência e moral eurropeia…regressar a estylos de vida mais “primitivos” pode ser que dê perenidade aos genes e gens da migra….
há mais velhos que novos ….importem-se novos para tratar dos velhos
talvez jau’s escravos tratem de ti ó Luiz Vais de Camões…
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quem acredita em forças ao estylo de Ahura-Mazda (o gajo dos carros)
e que a força anda (salvoseja) connosco ou vobiscum
e tem um trauma com o bigode do leôncio (um zé estaline mai novinho) que queria a união de todos os povos e gostava de montar o proletariado
acho que tem mesmo que se refugiar no eusébio…no macário ou noutro qualquer
para terrores noturnos ouvir a bíblia em 33 rotações e em marcha atrás….
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Mas olha que o Camilo Lourenço é extremamente simpático e tinha umas alfinetadas robinwoodescas ao socratismo, o que mo reabilita.
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Os sociopatas são extremamente simpáticos.
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os associais diferem em quê de um sociopata simpático puro?
todos vocês nestas conversas e conversos inermes revelam graus de sociopatia variável
as sociopatias são comuns na população emparedada em cidades ou isolada nos campos
e entre os psicólogos a sociopatia atinge valores de 100%
o facto de afirmar que sente necessidade isolasicionista no alemptejo do bulício lisboeta revela uma sociopatia marcada…mas enfim
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Camilo limita-se a dizer umas verdades. Verdades que quem tem dinhiero compartilha. Por isso não nos emprestam um tostão, enquanto não fizermos, mais coisa menos coisa, aquilo que Camilo refere.
E Vc., sabe onde se arranja dinheiro? Os seus amigos que se riem de camilos põem-no cá?
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Calma, Camilo. Não foi pessoal.
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