O próprio. “Vende-se T1 mobilado Odivelas, a 20 min. do Chiado. Terraç. ampl. 2 m2, linda vista p. logradouro. Prédio placa, cozinha de origem anos 60, WC c. poliban e bidé. 7º andar mto. sol. Marquise. Pequenas obras. Futuro elevador. Mto. cachet. Ideal p/ casais novos, gente distinta. €400.000 negociável. O próprio.”
Mudando completamente de assunto: 400.000 euros por um T1 em Odivelas, num prédio dos anos 60 e com “futuro elevador”?!
Ou tem ali um zero a mais, ou juro que não entendo. Como é que os preços são tão altos, e os portugueses conseguem pagar?
Por essa quantia, é possível comprar um T4 no centro de Berlim. Não a 20 minutos de algum ponto interessante, mas no centro mesmo.
Ou um T1 de super-luxo, este por exemplo, no topo de um prédio na Potsdamer Platz, com vista para uma das passadeiras vermelhas da Berlinale:
http://www.immobilienscout24.de/expose/58172200 (isso sim, é que era casais novos, gente distinta: o próprio à varanda a fazer yuhuu à Scarlett Johannson e ao George Clooney)
Ou este delírio de arquitecto, T4 com jardim de inverno junto às embaixadas e a um canal:
http://www.immobilienscout24.de/expose/58564224
Por 40.000 é mais difícil. Mas outro dia encontrei uma casinha de fim-de-semana, com dois andares e lareira. Junto a um lago. Isso mesmo: um dos lados do terreno era o lago. A, digamos, 30 minutos da Porta de Brandemburgo.
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Helena, explicando isto a quem está em Berlim: “o próprio”, essa instituição lisboeta (ou portuguesa) julga sempre que a sua casa é um tesouro.
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Em Berlim o mercado da habitação não está destrocido por um congelamento de rendas com 80 anos, mais coisa menos coisa.
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Isso devia afectar o preço dos arrendamentos, mas não o do imóvel, não é?
Não percebo nada de Portugal, mas parece-me que no caso deste próprio o problema não é a lei dos arrendamentos, mas os especuladores imobiliários.
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A lei dos arrendamentos ajuda — ou ajudava, porque as pessoas preferiam comprar casa a preços altos do que pagar um arrendamento novo caríssimo.
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Luís, não digas mais nada.
Isto parece um ensaio sobre a tristeza.
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Nem mais.
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Aaah. Obrigada. Quando não é “o próprio”, por quanto é que se vende um T1 com casais novos de categoria em Moscavide?
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Em Odivelas (não moscavide, que está perto da Expo) diria que uns 80 mil euros. Máximo.
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Voyons, é um apartamento vintage em Odivelas! Se puserem elevador, desvaloriza. Com mais cachet, só num bairro social em Berlim oriental. Ainda por cima, fornecem batedores da policia para se chegar do Chiado, depois se ir tomar chá à Brasileira ou ao Grémio Literário, em vinte minutos. É comprar já, antes que o preço suba.
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E sabemos como é difícil encontrar um vintage para pequenas obras na região da grande Lisboa.
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(vou já escrever 100 vezes Odivelas, para não me voltar a enganar)
Apenas 80.000 euros? Esses casais distintos estão muito baratos.
😉
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O anúncio é mesmo assim, ou está a mangar, Luís? Quatrocentos mil euros por um T1, notoriamente remediado, EM ODIVELAS??? Uma pessoa que se dispusesse a habitar semelhante Mauritânia, seguindo uma lógica humanista, deveria receber uma mensalidade compensatória (complemento de insularidade suburbana). Pedir quatrocentos mil euros (—–se!), parece-me o efeito de consumo excessivo e prolongado de vinho morangueiro por parte do próprio.
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Estou a mangar, ou melhor, a construir um tipo por interposto classificado. Pronto, a mangar.
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E eu a cair como uma patinha. A verdade é que uma vez andei a ler anúncios para uma casa no Porto, e os preços deixaram-me simplesmente estarrecida. Parecia Munique.
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A sério? Julgava que as casas no Porto eram pechinchas.
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Bem, as que eu vi eram um exagero. Mas devo reconhecer que não procurei na …aicoméquesechama? … Odivelas do Porto.
Pronto, vou explicar melhor: eram muito mais caras do que casas equivalentes em cidades alemãs. (Excepto em Munique, onde tudo é incrivelmente caro. É uma terra de muito dinheiro.)
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Pois. O Porto também tem muito dinheiro. É uma espécie de Munique.
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Helena,
Os preços, aqui no Porto, variam muito, dependendo da zona da cidade onde se pretende adquirir casa — aliás, como em qualquer cidade. Mas sempre lhe digo que compra um T1 bem perto do centro por menos de 100.000 euro — excepto, claro, se o edifício tiver um nome acabado em “Park”, “Gardens” ou algo que o valha.
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Obrigada, Carlos.
Eu por acaso naquela altura andei à procura de uma casinha com jardim, no Porto…
Em Berlim, em bairros excelentes, arranja-se por menos de meio milhão. Até por uns 300.000 (mas aí é casinha com inha muito grande…)
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“(…) o próprio à varanda a fazer yuhuu à Scarlett Johannson e ao George Clooney”. Muito, mas muito bom
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🙂
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Eheh. Só falta o «remodelado por arquitecto».
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Essa escapou-me. Raios.
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ah,ah,ah.
Delicioso. Tudo. O Vida Urbana 10 e estes suculentos 15 comentários
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😉
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O Próprio é um homem riquissimo. Trata de vários negocios imobiliários, e móveis. Todos os dias tem para vender desde o móvel bar de sala (em mogno com cristaleira) a um clio como novo (era de uma enfermeira).
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O próprio é uma criatura infatigável.
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Eu próprio não diria melhor
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